**Este post é uma republicação de um artigo no Tigrelog, publicado em 15/04/2009: http://www.tigrelog.com.br/index.php?topic=3934.0
Se você, torcedor do Tigre, ouvisse falar que o Sr. Vitalino Adolfo Barzotto marcou época no Criciúma, certamente não saberia recordar quando e como ele realizou seus grandes feitos. “Talvez seja um ex-dirigente!”, você diria. Correto?
A resposta é NÃO. Talvez, uma simples dica lhe ajude a recordar. Por um acaso, o Sr. Vitalino tem o apelido de GRIZZO!
Agora lembraram não é? ÓBVIO! Quem não recorda do meio-campista habilidoso, presente na melhor época de nosso glorioso? Grizzo foi um dos responsáveis pela conquista da Copa do Brasil de 1991 e da fantástica campanha da Libertadores de 1992 pelo Criciúma.
Os mais antigos lembram, e os mais jovens já ouviram falar. Grizzo fez história. Era conhecido pela habilidade no meio campo, pelos gols que marcava e pela personalidade forte, acompanhada sempre de muita raça.
Grizzo é um dos nomes mais lembrados pela torcida tricolor, dentre os vários ídolos do clube. Está na galeria onde figuram personalidades como Jairo Lenzi, Vanderlei Mior e Luiz Felipe Scolari.
Como mencionei no cabeçalho, realizei esta entrevista em 2009, em parceria com o site TIGRELOG. Consegui contato com uma sobrinha do Grizzo, que gentilmente intermediou o contato.
Muitas coisas podem ter mudado de panorama de 2009 pra cá, então, levem isso em consideração ao ler as respostas ok?
Então vamos à entrevista:
• Sr. Vitalino, quando e porquê ganhou o apelido de Grizzo?
Resposta: Primeiro eu gostaria de agradecer por ter lembrado de mim com tanto carinho e que é um prazer falar com vocês. Este apelido é da infância, foi dado pelo meu avô, tem a ver com alguma palavra em italiano.
• Em qual ano você iniciou sua trajetória no Tigre? Com qual idade?
Resposta: Em 1988 fui destaque do Paraná (Colorado E.C.). O Criciúma me comprou à vista em agosto de 1988, cheguei para disputar o campeonato brasileiro da série A. Com 25 anos de idade.
• Quais as conquistas que obteve como jogador do Criciúma?
Resposta: Conquistamos triestadual (1989/1990/1991), Copa do Brasil 1991, mas a maior conquista foi a hegemonia do futebol catarinense até então com o J.E.C e colocar o nome do Tigre em toda a América.
• Encerrou sua participação no Tigre em qual ano e por qual motivo?
Resposta: Meu último jogo em criciúma foi C.E.C e São Paulo F.C (libertadores 1992). No C.E.C foi contra o Grêmio em Porto alegre em 1992 placar 1 x 1. O motivo foi tentar jogar num clube grande e também fazer minha independência financeira, mas foi frustrante, pois fui para o Bahia E.C ganhando quase a mesma coisa. Me arrependi muito , pois no Criciúma eu era feliz e na Bahia que tinha menos estrutura que o Criciúma , eu não consegui me encontrar, inclusive abandonei o clube no meio do meu contrato.
• Soubemos, através da mídia, que o Grizzo atualmente é treinador de Futebol. Está treinando algum clube nesse momento?
Resposta: Eu acertei com o Hercílio Luz de Tubarão, estou tentando passar minhas experiências agora como treinador.
**(Como mencionado, isso em 2009).
• O Grizzo era conhecido pela personalidade forte dentro de campo. Alguns torcedores recordam que o Grizzo não aceitava muito bem algumas substituições e certas reclamações da torcida, e às vezes respondia à provocações com gestos e palavras. O Grizzo atual, como treinador, mantém essa personalidade forte, às vezes explosiva?
Resposta: Gosto e me identifico muito com criciúma em geral, e é impressionante como vocês me conhecem bem. Realmente eu era um pouco temperamental, acho que pelo meu sangue italiano e pelo grande amor com que eu me empenhava no futebol e em especial no Criciúma, porque me encontrei nesse clube, me realizei como profissional, encontrei um grupo maravilhoso, com grandes pessoas, hoje grandes amigos, homens de caráter. Um grupo realmente muito especial e vitorioso. Como treinador sou mais “light” (rsrs).
Peço perdão aos torcedores.
• Em 2007, você teve a oportunidade de “estagiar” no Criciúma E.C., que estava sob o comando do Gelson da Silva, colega de meio campo no Criciúma de 91/92. Ficou por quanto tempo? A experiência foi realmente proveitosa?
Resposta: Eu estava sem o que fazer profissionalmente. Tentativas frustradas no comércio e nos negócios, pois a gente não se prepara para parar. O Gelson é como irmão para mim, gosto e torço muito por ele. Eu liguei pra ele e logo me convidou para fazer aquele estágio que foi um recomeço. Uma porta que Deus me abriu, foi de uma importância fundamental.
• A geração de atletas de 1991 rendeu uma safra de bons treinadores. Roberto Cavallo, Gelson da Silva, Alexandre Pandóssio e agora o Grizzo seguem esta carreira. Você mantém contato com eles, para troca de informações?
Resposta: Olha Alexsander, além desses, o Itá, o Sarandi, o Evandro e o Wilsão também estão tentando. Comunicamos-nos às vezes, mas o importante é que temos uma amizade sólida e sincera.
• No mesmo ano em que foi campeão da Copa do Brasil, o Criciúma teve uma participação pífia no Brasileiro da segunda divisão daquele ano. O que ocasionou, em sua opinião, essa discrepância de rendimento? Chegou a existir algum problema de elenco dividido e de relacionamento entre o grupo?
Resposta: A CBF fez naquele ano uma reciclagem, chaves de oito equipes regionalizadas. De oito classificavam-se três, ficamos em quinto lugar. O problema foi que o Felipão assumiu e foi conhecendo o grupo no decorrer da competição e mexeu muito na estrutura da equipe. Em caxias ele me tirou e jogou com Cavallo, Gelson e Omar no meio, fiquei no banco bravo como sempre, perdemos de 1×0.
• Você acompanha os jogos Criciúma E.C.? Caso positivo, com qual freqüência?
Resposta: Acompanho quase todos, pois torço bastante, é um clube muito especial para mim.
• Você acha que o Criciúma E.C. tem condições e estrutura suficientes pra voltar a disputar a série A e títulos importantes? O que você pensa da atual fase do clube, que foi rebaixado à série C do Brasileirão?
Resposta: Acho que sim, pois o Criciúma é muito forte, a cidade fortalece o clube, ela respira futebol 24horas por dia é muito especial, um fenômeno nacional no futebol. Com certeza o Criciúma vai voltar, é só encaixar de novo aquela velha pegada de vencedor.
**(Felizmente o ídolo tinha razão!)
• A torcida do Criciúma tem muito carinho pelo Grizzo, que é considerado um grande ídolo. Quando vem a Criciúma, ou está em algum outro local de SC, os torcedores te reconhecem e vão falar com você?
Resposta: Sim, onde eu estiver que tenha alguém do Criciúma, logo me reconhecem e eu fico feliz porque minha família não viu eu jogar no C.E.C e quero que eles sintam isso comigo também.
• O que você acha de uma bandeira em sua homenagem, feita pela torcida, pendurada no estádio Heriberto Hülse?
Resposta: Sinceramente não sabia dessa homenagem, mas pra mim é algo muito especial, um grande carinho. Gostaria muito de ver e de mostrar aos meus filhos e esposa.
Só podia sair dessa torcida maravilhosa do tigre, agradeço a Deus por isso.
• Defina o Grizzo na sua trajetória como jogador de futebol:
Resposta: Começo= no futsal fui base do S.P.F.C em 80 e 81.
Recomeço= no Paraná fui uma espécie de amador no meio profissional, sem empresários, sem marketing. Mas grato a Deus por tudo o que conquistei dentro de campo e fora também através do futebol.
• Em qual clube você viveu o melhor momento de sua carreira?
Resposta: No Criciúma com toda certeza. Poucos profissionais no Brasil têm essa experiência que tivemos, jogar 4 anos com o mesmo grupo e conquistando praticamente tudo.
• Tem recordação de qual o lance ou gol mais importante que realizou?
Resposta: Foi um gol contra o Joinvile, em 89 quando o Levir me deixou no banco. Estava 1×0 para o J.E.C, eu entrei peguei uma vez na bola e fiz um belo gol de empate, aos 45 minutos do segundo tempo.
• Encerrou sua carreira em qual clube, e qual ano, e com qual idade?
Resposta: Em passo fundo em 2002, com 39 anos. Foi muito triste como todas.
• Quais são os títulos que conquistou no futebol, como jogador profissional?
Resposta: Segunda divisão paranaense pelo Pato Branco; campeão tri estadual 89 90 91 e copa do Brasil 91 pelo Criciúma, serie B 1997 pelo Ponte Preta, serie C pelo Avai 98.
• Qual foi a sua maior alegria/realização no futebol profissional?
Resposta: Conquista da copa do Brasil em 91 pelo Criciúma e a passagem pelo Botafogo do Rio de Janeiro.
• Quais são as boas e más lembranças que você levou como profissional do futebol?
Resposta: Boas, graças a Deus são muitas, pois jogava com prazer. Exemplo: amigos, reconhecimento e realização profissional. As más foram poucas.
• Saberia responder quantos jogos atuou pelo Criciúma? E Quantos gols fez atuando pelo time?
Resposta: Quase 300 jogos e 58 gols entre oficiais e amistosos.
• Você vê algum time hoje no futebol brasileiro, que tenha estilo de jogar semelhante àquele time campeão de 1991?
Resposta: Acho que o grêmio de Jardel e Felipão era parecido ou quando vejo o Boca Junior jogar, lembra um pouco o nosso grupo,a pegada e toque de bola.
• Tem alguma curiosidade, ou história engraçada que leva da época que jogou no Tigre?
Resposta: Tem várias, daria para escrever um livro só com as historias do tigre da nossa época.
Jogávamos em Chapecó, o Itá era de lá, ganhamos o jogo , e a torcida do time adversário se revoltou e jogava pedras no campo, o Itá saiu na frente e falou ” calma, aqui eles me respeitam” e foi pedir calma a torcida deles. Cheguei no vestiário e o meu querido amigo Itá estava colocando gelo na testa. (rsrs)
• Qual seu time do coração?
Resposta: Quando pequeno era gremista doente. Hoje torço primeiro para o time que eu trabalho e tenho o Criciúma como meu time de coração e meus filhos Gabriel (12a) e Guilherme(8a) também.
• Quais os planos profissionais do Grizzo para o futuro?
Resposta: Sonho em treinar grandes times entre eles o Tigre. Fazer uma equipe marcar bem e principalmente tocar bem a bola, focar o passe de bola que é um grande segredo que muitos treinadores não sabem, alguns porque nem se quer jogaram, outros porque não tiveram essa experiência quando atletas. Gostaria de ver o Criciúma jogando aquele futebol total da minha época, da época do Paulo Baier e do Fernandinho, talvez próximo de um Barcelona, Manchester ou Boca Junior, com muita dinâmica e posse de bola.
Quero agradecê-los em nome de toda minha família, vocês me proporcionaram uma grande alegria com esta iniciativa, também a Letícia, minha sobrinha e demais sobrinhos e amigos, que Deus abençoe a todos.
Alexsander estou a disposição para qualquer coisa. Um grande abraço Grizzo.
Grande Grizzo! Craque para sempre no coração dos tricolores! Onde estiver, nosso abraço ao ídolo!
Alguém tem informações sobre as características físicas (altura e peso) do jogador Grizzo?
Pingback: HISTÓRIAS DO FUTEBOL: GRIZZO, O RAÇUDO. | BLOG VETERANOS PERNA DE PAU – TUPÃ SP
grande jogador….
O Grizzo jogou na minha querida Ponte Preta, deixou saudades. Que seja muito feliz.
Esse jogava.